Entendemos por oportuno voltar a esclarecer o que já era claro, mas somente pela tentativa na insistência na distorção de nossa posição. Nossos adversários políticos entendem que assim têm a possibilidade de arrumar uma boquinha nos órgãos de administração do futebol, nada além disso, os interesses são pessoais e não do futebol como um todo.
Nessa semana nos posicionamos quanto à criação da Liga Sul–Minas–Rio, mas não por sua criação em si, mas por aquilo que pode resultar em violações aos direitos dos atletas conquistados com muito trabalho. Alguns pontos de nossa reflexão.
Os clubes já vêm há bastante tempo reclamando do calendário do futebol. Afirmam que têm dificuldades de administrar, principalmente quando os resultados desportivos são desfavoráveis, seus elencos porque os jogos são muito próximos uns dos outros em competições.
Justificam que o comprometimento nessas participações se foca na questão de uma maior arrecadação. Pois bem, aí eles vêm e criam mais uma competição em que as datas dos jogos irão se sobrepor ainda mais com os campeonatos estaduais e, possivelmente, com a Libertadores e, ainda, não divulgam oficialmente a forma de financiamento dessa nova proposta – quem comprou os direitos de transmissão e por quanto -, ou seja, cadê a coerência entre o que dizem e o que fazem? Como eles comporão essa situação?
Para justificar a participação em duas - teoricamente e sem contar a Libertadores - competições em paralelo, os clubes têm afirmado que vão disputar o Campeonato Estadual com suas equipes Sub-23. Porém, já participamos em várias reuniões em que a emissora que detém os direitos de televisão – TV Globo – se manifestou dizendo que não pagaria, caso os clubes não utilizassem a equipe considerada a principal.
As questões anteriores são importantes para nossa posição, porém, a nossa grande preocupação e aquilo que fundamenta nossa reclamação é que estão criando nova competição, pensando em uma maior arrecadação ou por questões puramente políticas, sem considerar os direitos dos atletas, os mesmos que vimos negociando às vezes - e outros que garantindo judicialmente - há bastante tempo.
Todo o cenário que vem se criando nos leva a concluir que pela falta de planejamento poderão violar os direitos dos atletas como as férias, direito conseguido numa ação na justiça, o período de pré-temporada que vimos negociando com a CBF e TV Globo desde 2010, ainda o desrespeito aos intervalos entre os jogos, cujo a fisiologia nos recomenda de 66 horas, para que o jogador possa se recuperar fisicamente para uma nova disputa ou o limite de até 62 partidas anuais, que da mesma forma favorece o trabalhador atleta a se manter em condições ideais na vida laboral escolhida em seu total aproveitamento. E dessas quatro premissas não abrimos mão.
Seria ótimo que os clubes que se propõe a disputar a Liga Sul-Minas-Rio se comprometessem a contratar mais vinte atletas cada um para tantas disputas - desta forma não haveria perigo do desrespeito aos direitos dos jogadores - e já garantissem os salários de todo o período como também de todos aqueles que já foram contratados, por exemplo. Essa medida tem todo nosso apoio.
Nós jamais nos envolveremos nas questões administrativas dos clubes desde que sejam feitas de maneira a respeitar os direitos dos atletas. Nunca nos oporemos a questão que leve um clube a disputar três, quatro, cinco competições simultaneamente se ela satisfizer todos os direitos dos jogadores. Aliás, queremos clubes fortes, administrativa e financeiramente, existindo porque somente assim nossos atletas terão seus direitos garantidos. Portanto, não somos favoráveis nem desfavoráveis a qualquer Liga, Federação Estadual ou a Confederação Brasileira de Futebol. Nosso trabalho, dedicação, esforço e perseverança é pelo respeito aos direitos dos atletas. É para isso que existimos e somente nos oporemos sempre que haja risco de qualquer violação.
Nossos adversários políticos? Ah, eles estão desesperados porque estão definhando e com um fim muito próximo não vão conseguir nunca ofuscar a importância do nosso trabalho porque ele se fundamenta nas atitudes e ações responsáveis e nunca em jogar para a imprensa aquilo que não existe.
Rinaldo Martorelli
Presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF)