O que mais se tem ouvido dos dirigentes e do próprio governo é “queremos respeitar”, espero que o significado dessa expressão seja outro: preservar a vida.
A pergunta é: e o atleta de futebol o que é? Um ser extraterrestre? Um animal? Ou meramente um bobo da corte?
Estamos entediados, enojados com toda essa situação e não cabe aqui expor mais nada, e sim rezar, e pedir que esse Covid 19 vá embora de vez. Temos que chuta-lo para bem longe com um chute à La Nelinho pra fora de todos estádios de futebol. (Pra quem não conhece, o craque Nelinho foi um dos chutes mais fortes do futebol mundial); venceu o improvável desafio de chutar a bola para fora do Mineirão - tive a honra de atuar com ele.
Se vão proteger as pessoas com os portões fechados, preservando assim suas vidas, como será com os atletas, que durante 90 minutos estão em constante contato físico? Qual a proteção? Será apenas a dos céus? Entendo que se é para um, tem que ser para todos.
Não estudei medicina, mas uma das minhas faculdades foi a Matemática, que estuda probabilidades. Assim, pergunto: qual a diferença de um torcedor no estádio na arquibancada de um atleta dentro do campo de jogo? A probabilidade do torcedor contaminar-se é diferente do atleta?
De um lado esse inimigo invisível, de outro, os atletas, loucos para “baterem a sua bolinha”, afinal nós atletas dependemos da complexa maquina que é o futebol profissional, especialmente da engrenagem torcedor/clube. Da nossa imagem depende também a saúde financeira dos clubes e da própria CBF, pois sabemos que o torcedor não vive sem o seu clube e seus ídolos.
Importante lembrar: estamos todos de mãos atadas, e temos que deixar a palavra com os profissionais especialistas, especialmente os infectologistas, que devem determinar o momento ideal para o retorno das competições, momento esse tão esperado por todos os atores do futebol.
Jorge Ivo Amaral da Silva
Fundador e Membro do Conselho Deliberativo da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol
Abril/2020.